STF e STJ contrariam entendimento do 'caso Lula' – Crusoé

0
94

Na data de 8 de março de 2021, em julgamento paradigmático, o Supremo Tribunal Federal, pela relatoria do eminente ministro Edson Fachin, ao apreciar os embargos de declaração no habeas corpus nº 193.726, concedeu a ordem impetrada em favor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (que na época, como se sabe, não ocupava esse cargo), para “declarar a incompetência da 13ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Curitiba para o processo e julgamento das Ações Penais 5046512-94.2016.4.04.7000/PR (Triplex do Guarujá), 5021365-32.2017.4.04.7000/PR (Sítio de Atibaia), 5063130-17.2018.4.04.7000/PR (sede do Instituto Lula) e 5044305-83.2020.4.04.7000/PR (doações ao Instituto Lula), determinando a remessa dos respectivos autos à Seção Judiciária do Distrito Federal.
“Declaro, como corolário e por força do disposto no art. 567 do Código de Processo Penal, a nulidade apenas dos atos decisórios praticados nas respectivas ações penais, inclusive os recebimentos das denúncias, devendo o juízo competente decidir acerca da possibilidade da convalidação dos atos instrutórios, escreveu o relator. 
Como se verifica, ao apreciar o feito, Fachin declarou nulos, por força do art. 567 do Código de Processo Penal, os atos decisórios praticados no juízo declarado incompetente, inclusive os atos de recebimento das denúncias, cabendo aos juízo competente decidir sobre a convalidação ou não dos atos instrutórios. Essa decisão monocrática do ministro foi posteriormente ratificada pelo plenário da Suprema Corte, no julgamento de agravo regimental no mesmo habeas corpus nº 193.726, ocasião em que inclusive a Corte explicitamente prestigiou a observância ao princípio do juiz natural, previsto no art. 5º, inc. XXXVII e LIII, da Constituição Federal.
Ora, se o Supremo Tribunal Federal, pelo Plenário, decidiu que a incompetência relativa (territorial) é causa de nulidade absoluta, com muito mais razão deve-se concluir que a incompetência absoluta é causa de nulidade incontornável e também de natureza absoluta, nos termos do art. 567 do Código de Processo Penal. Em realidade, pode-se dizer que a Suprema Corte equiparou a incompetência relativa no processo do presidente Lula a uma autêntica incompetência absoluta, talvez pela gravidade do vício encontrado, devendo-se compreender, a partir da fixação dessa jurisprudência, no mínimo, que toda incompetência absoluta é causa de nulidade insanável.
Em sentido análogo, no julgamento da RCL 43479, o eminente ministro Gilmar Mendes enfatizou, quanto ao alcance da declaração de nulidade, a necessidade de se proceder a uma nova denúncia perante o juízo competente. Resulta evidente que, assim como no “caso Lula”, qualquer pessoa que venha a ser condenada por juízo absolutamente incompetente, o princípio do juiz natural estará violado, e o prejuízo será irreversível e presumido de forma concreta, violando-se não apenas o devido processo legal, mas também os direitos de defesa (C.F., art. 5º, LIV e LV). No precedente julgado pelo laborioso ministro Edson Fachin (HC 193.726 ED), no “caso Lula”, a eminente ministra Rosa Weber assinalou que não se aplicaria a “teoria do juízo aparente” para ratificar o recebimento da denúncia, na medida em que a “aplicação da teoria, como instrumento de preservação de atos praticados por juízo incompetente, demanda superveniência de elementos fáticos ou probatórios ou desconhecimento de sua existência à época da prática dos atos processuais […], o que não ocorre na hipótese”.
Todavia, observa-se que, se a “teoria do juízo aparente” não se aplicou naquela hipótese, certamente não se aplica a nenhuma hipótese de competência absoluta, sobretudo quando a incompetência é arguida tempestivamente e por meios processuais adequados, inclusive em habeas corpus. E tampouco se aplicaria a “teoria do juízo aparente” para salvar jurisdição absolutamente incompetente quando o réu resulta condenado, sofrendo prejuízo concreto, por juízo absolutamente incompetente. Veja-se que, no “caso Lula”, a “teoria do juízo aparente” foi afastada porque se tratava de incompetência que se considerou, na prática, como de natureza absoluta, violando o princípio do juiz natural.
Com efeito, rigorosamente, o então acusado Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado por várias instâncias judiciais, como se a 13ª Vara Federal de Curitiba fosse competente, e, inclusive, foi mantido preso pelo próprio Supremo Tribunal Federal, na presunção de que aquela mesma 13ª Vara Federal de Curitiba fosse o juízo competente para julgar a matéria. Tal circunstância, por si só, demonstra que o julgamento proferido pelo plenário do Supremo Tribunal Federal, no precedente do HC 193.476 AgR, aniquilou a “teoria do juízo aparente”, em matéria de nulidade absoluta derivada, pelo menos, da incompetência absoluta.
Não obstante, posteriormente ao julgamento pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, observa-se a superveniência de decisões, pelos próprios ministros do STF, no sentido de mitigar nulidades advindas de incompetência absoluta, tolerando a ratificação do recebimento da denúncia. Com efeito, em recente decisão, posterior ao julgamento do “caso Lula”, o eminente ministro Roberto Barroso, que havia votado pela nulidade absoluta no julgamento do presidente Lula, em caso análogo julgou de modo completamente diferente, dizendo que a “orientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal é no sentido da possibilidade de ratificação de atos decisórios pelo Juízo competente”.
Em outro julgado recente, igualmente posterior ao “caso Lula”, o Supremo Tribunal Federal, na voz da ilustre Ministra Rosa Weber, que também havia votado pela nulidade absoluta no caso do presidente Lula, decidiu, em matéria análoga, pela preservação do recebimento da denúncia, apesar da incompetência absoluta do juízo processante. Esquecendo-se completamente do julgamento anteriormente efetuado pelo Plenário da Corte, a ministra Rosa Weber afirmou que “esta Suprema Corte tem endossado, com base na teoria do juízo aparente, a possibilidade de ratificação de atos processuais praticados por juízo aparentemente competente ao tempo de sua prática”. Ademais, a eminente ministra, discrepando do que foi decidido no caso julgado em relação ao presidente Lula, assinalou que “a alegação e a demonstração do prejuízo são condições necessárias ao reconhecimento de nulidades, sejam elas absolutas ou relativas, ‘pois não se decreta nulidade processual por mera presunção’ (HC 107.769/PR, Rel. Min. Cármen Lúcia, 1ª Turma, DJe 28.11.2011)”.
Além dessa orientação do Supremo Tribunal Federal discrepante relativamente à decisão do Plenário, tomada no HC 193.726 AgR, em 15.04.21, da relatoria do eminente Min. Edson Fachin, também é preocupante a divergência do Superior Tribunal de Justiça em relação ao entendimento encampado pelo mesmo Plenário do Supremo Tribunal Federal quanto ao “caso Lula”. Essas manifestações contraditórias, tanto de ministros do próprio Supremo Tribunal Federal quanto das Turmas Criminais do Superior Tribunal de Justiça, podem causar grave insegurança jurídica no sistema judicial brasileiro. Isso, porque o paradigma envolvendo o “caso Lula” foi decisivo para as eleições de 2022, na medida que viabilizou uma candidatura. Ademais, esse parâmetro fixado pelo Supremo Tribunal Federal adotou o critério da nulidade absoluta derivada, pelo menos, da incompetência absoluta, forte no art. 567 do Código de Processo Penal, o que nos parece correto no campo jurídico. Aliás, esse critério está em sintonia com o tratamento dispensado pelo próprio Supremo Tribunal Federal à nulidade derivada da suspeição do juiz, conforme decidido no Habeas Corpus nº 164.493/PR, de relatoria do eminente ministro Gilmar Mendes, pois a suspeição, tanto quanto a incompetência absoluta, remete ao princípio do juiz natural (C.F., art. 5º, XXXVII e LIII).
Simplesmente não seria razoável, tampouco compreensível, que, após o julgamento do paradigma fixado no HC 193.726 (ED e AgR), da relatoria do Min. Edson Fachin, ministros do Supremo Tribunal Federal pudessem, em decisões monocráticas, retroceder no seu próprio entendimento e, sem justificativa alguma, simplesmente desprezando e ignorando os votos proferidos no Plenário, reformular a sua própria jurisprudência, de modo aleatório e arbitrário. Nesse mesmo contexto, o Superior Tribunal de Justiça igualmente não tem obedecido à jurisprudência do Plenário da Suprema Corte e trata a incompetência absoluta como se fosse possível convalidar os atos de recebimento da denúncia. Veja-se, a propósito, decisão do eminente ministro Ribeiro Dantas no sentido de que “havendo reconhecimento da incompetência absoluta da Justiça Federal, a ação penal deve ser remetida à Justiça Especializada, mas com anulação apenas dos atos decisórios praticados e sem prejuízo da sua ratificação pelo juízo competente”.
Na mesma direção, e refletindo a orientação do Superior Tribunal de Justiça, o eminente ministro Reynaldo Soares da Fonseca decidiu, em matéria de ordem pública, posteriormente ao julgamento do “caso Lula”, que “verificada a competência da Justiça Eleitoral para conhecer do contexto apresentado nos presentes autos, haja vista a conexão com crime de “Caixa 2”, devem ser considerados nulos os atos decisórios, nos termos do art. 567 do CPP, ressalvando-se a possibilidade de ratificação dos demais atos pelo Juízo competente”. O que se verifica, nesse cenário, é que resulta necessário que a jurisprudência, tanto do próprio Supremo Tribunal Federal, como do Superior Tribunal de Justiça, se ajustem definitivamente ao precedente relatado pelo ministro Fachin, para que haja um tratamento isonômico aos jurisdicionados, fixando-se a tese de que a incompetência absoluta gera nulidade insanável nos processos.
Evidentemente não se pode aceitar, em hipótese alguma, que o julgamento de um paradigma tão importante quanto aquele que envolveu o presidente Lula tenha sido um “ponto fora da curva” na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal ou um julgamento casuístico. Os ministros do Supremo Tribunal Federal, em decisões monocráticas, são obrigados a seguir a orientação do plenário, inclusive porque os autores dessas monocráticas subscreveram o entendimento do plenário. E ao Superior Tribunal de Justiça cabe se curvar ao entendimento do Supremo Tribunal Federal, definitivamente. Segurança jurídica e previsibilidade são pressupostos de um Estado Democrático de Direito, assim como a isonomia de tratamento de todos perante a Lei.
Fábio Medina Osório, advogado, ex-ministro da AGU e ex-promotor de Justiça no Estado do Rio Grande do Sul
Continue sua leitura!
E aproveite o melhor do jornalismo investigativo.
O maior e mais influente site de política do Brasil. Venha para o Jornalismo independente!
Assine a Crusoé

CONFIRA O QUE VOCÊ GANHA ASSINANDO O COMBO
Os comentários não representam a opinião do site. A responsabilidade é do autor da mensagem. Em respeito a todos os leitores, não são publicados comentários que contenham palavras ou conteúdos ofensivos.
Resumindo, tudo isto: é complicado manter a impunidade dos corruptos, mas sempre se dá um jeito.
Sou leiga no campo do Direito para discutir e aprofundar meus comentários sobre este artigo. Mas, na minha leitura, me sinto frustrada de ver ao longo de todo o processo que ficou claro que Lula não é inocente, e ganhou o campo das interpretações das Leis. Não me conformo com o tempo que levou para, de repente, acharem que a Vara Federal de Curitiba era incompetente para julgar o caso. E também me entristece ver que tudo foi jogado no lixo, e a LAVA-JATO sendo considerada inimiga da lei.
Ele não é um brasileiro comum, como mesmo profetizou, tornou-se uma Ideia.
As meras contriedades jurisprudenciais que ocorrem dia sim e dia tembém aqui em Bananaland sã lógicas e facilmente explicáveis, dado seu fundamento na respeitável obra “Revolução dos Bichos” de George Orwell: “Todos iguais perante a lei, mas alguns são mais iguais que os outros !!!” Fonte: https://www.conjur.com.br/2012-fev-10/todos-sao-iguais-lei-alguns-sao-iguais-outros
Segurança jurídica? Previsibilidade? Isonomia de tratamento? Mas do que é que o articulista está falando? Essas coisas aí, aqui não existem. Somos um país fora da curva, com um direito (com minúscula mesmo) fora da curva e achado na rua…
Cessa todo o bom senso nos tribunais superiores atuais. O que vale é o seguinte. Para os amigos tudo. Para os inimigos nada. Para os indiferentes a lei! Uma vergonha. E só neste caso.
Argumentar juridicamente sobre a descondenacao daquele elemento socialmente pernicioso é impossível, dentro das bases e pricipios legais e jurídicos vigentes! O país todo sabe que aquela decisão foi totalmente arbitrária com o único intento de proteger o bandido de estimação
Como o fanatismo político interrompeu vidas, cassou liberdades e devastou famíliasDia 6 de janeiro, sexta-feira, o caminhoneiro Nilton da Silva, de 43 anos, chegou à casa de sua mãe em Apucarana, município localizado no centro-norte do estado do Paraná, e encontrou as três sobrinhas. Ao perguntar por que as filhas das irmãs estavam com a avó, recebeu como resposta que Edineia, Niceia e o cunhado Noel haviam deixado as “crianças” lá e viajado para Brasília. Dois dias depois, no domingo, 8, o paranaense começou a acompanhar o noticiário na televisão que mostrava a violenta invasão das sedes dos Poderes por uma horda de manifestantes radicais. Preocupado com o que via, e imaginando que as irmãs e o cunhado pudessem estar no meio do quebra-quebra, ele contou que ligou para Edineia para saber onde o grupo estava. A irmã, então, tranquilizou Nilton dizendo que não estaria na Esplanada, mas no QG do Exército, a 8,6 quilômetros de distância do local dos ataques, e que logo pegariam o ônibus de volta para Apucarana. Eles só voltariam a se falar no dia seguinte.Leia mais
Entenda quais são as chances de o ex-presidente ser detido quando voltar ao Brasil e quais são os argumentos que poderão ser usados contra eleO ex-presidente Jair Bolsonaro foi oficialmente incluído no inquérito que trata dos Atos de 8 de janeiro após o Supremo Tribunal Federal, STF, aceitar um pedido feito pela Procuradoria-Geral da República, PGR. A investigação é comandada pelo ministro Alexandre de Moraes, que nos últimos dias afastou o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, e determinou a prisão preventiva de Anderson Torres, ex-secretário de Segurança Pública do DF. Há um certo temor — e muita torcida, de outro lado — de que Bolsonaro, uma vez retorne ao território nacional, se torne o próximo na lista dos alvos de Moraes.Leia mais
Mítica do trio formado por Lemann, Sicupira e Telles acabou. Trabalhadores, credores e investidores serão penalizados pela “imperícia” contábil O rei Midas é um personagem conhecido da mitologia grega agraciado (ou amaldiçoado) pelo deus Dionísio com a capacidade de transformar em ouro tudo o que tocava. Não por acaso, os três fundadores da 3G Capital — Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Herrmann Telles — foram considerados, até bem pouco tempo, uma versão contemporânea da lenda grega, colecionando histórias de sucesso e riqueza por onde passavam.Leia mais
Privatização da estatal paulista de saneamento básico tem prazos curtos, um mercado aquecido e um governador que quer vender caroDepois de três dias andando pelos salões do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, o governador de São Paulo Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) disse ter “detectado interesse” de banqueiros e empresários do mundo todo nos ativos a serem privatizados pelo recém-empossado governo. Os investimentos, que nas contas do Palácio dos Bandeirantes podem chegar a R$ 70 bilhões, seriam capitaneados pela Sabesp, a principal companhia de águas e saneamento básico do estado.Leia mais
A série Revelações Pré-históricas conta a saga de uma civilização perdida que teria sobrevivido a um apocalipse na Era do Gelo. Seria impressionante, se não fosse uma grande mentiraÉ exigida muita imaginação e criatividade do público para acompanhar as ideias mirabolantes do escritor e jornalista inglês Graham Hancock (foto), o nome por trás da minissérie Revelações Pré-históricas. Sucesso comercial da Netflix, a coletânea de oito episódios esteve entre as dez séries mais assistidas do serviço de streaming em mais de sessenta países, incluindo no Brasil, e contabilizou, apenas na primeira semana de estreia, em novembro, 21 milhões de horas assistidas em todo o mundo. A popularidade se deve ao apelo sensacionalista da teoria apresentada ao longo de quatro horas de divagações. Teses que são tão incríveis quanto falaciosas.Leia mais
O senador Marcos do Val diz que o presidente e o ministro da Justiça foram omissos para usar politicamente as invasões aos Três PoderesCriador de uma técnica para algemar pessoas e instrutor de unidades especiais de várias polícias americanas, conhecidas como Swat, o capixaba Marcos do Val decidiu, em 2018, trilhar uma carreira na política com foco na segurança pública. Em 2018, ele foi eleito senador pelo Podemos pelo seu estado, o Espírito Santo. Hoje, aos 51 anos, do Val integra a Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência, a CCAI, cuja missão é fiscalizar os órgãos de inteligência.Leia mais
Desta vez, o irreality show da Globo tem concorrência: em Brasília 1.200 vândalos estão confinados. É o BBB: Bando de Bolsonaristas BandalheirosO Brasil estava um tédio, já fazia mais de uma semana que não tinha uma ameaça de golpe, uma invasão de palácio, nenhuma destruição de patrimônio público por hordas de bolsonazistas sem noção. Uma pasmaceira, desse jeito o país ia acabar virando uma Suécia com todo mundo se suicidando por não nada melhor do que fazer.Leia mais
O livro do príncipe Harry tem mais sentimentos que O Meu Pé de Laranja Lima, e não num bom sentido. Me peguei desejando que o príncipe William tivesse batido mais vezes no irmão menorResolvi ler o livro de memórias do Príncipe Harry, Spare (em português, O que Sobra), pra ver se continuava monarquista depois disso.Leia mais
Quando a poeira baixar, teremos de nos haver com um governo e um Judiciário armados de poder até os dentesApós uma das eleições mais polarizadas de nossa história, os Atos de 8 trouxeram o discurso belicoso novamente à boca das pessoas: “essa gente baderneira”, “esse povo”, como se estivéssemos diante de quadrúpedes ignorantes vindos de outra galáxia.Leia mais
Na data de 8 de março de 2021, em julgamento paradigmático, o Supremo Tribunal Federal, pela relatoria do eminente ministro Edson Fachin, ao apreciar os embargos de declaração no habeas corpus nº 193.726, concedeu a ordem impetrada em favor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (que na época, como se sabe, não ocupava esse cargo), para “declarar a incompetência da 13ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Curitiba para o processo e julgamento das Ações Penais 5046512-94.2016.4.04.7000/PR (Triplex do Guarujá), 5021365-32.2017.4.04.7000/PR (Sítio de Atibaia), 5063130-17.2018.4.04.7000/PR (sede do Instituto Lula) e 5044305-83.2020.4.04.7000/PR (doações ao Instituto Lula), determinando a remessa dos respectivos autos à Seção Judiciária do Distrito Federal. Leia mais
É de certa maneira irônico que o trio mais bem-sucedido do capitalismo brasileiro se veja agora em meio a uma “pedalada fiscal”O colapso da Americanas gerou espanto no mercado financeiro, mas outras contabilidades duvidosas também deveriam importar, em especial, pois mexem no seu bolso.Leia mais
Prevista pela famosa Lei de Godwin, as analogias com Hitler grassam à direita e à esquerda do debate político brasileiro Quanto mais se prolongar uma discussão on-line, maior será a probabilidade de que alguém faça uma analogia com Hitler ou o nazismo. Assim reza a Lei de Analogias com o Nazismo, postulada no início dos anos 1990 pelo advogado americano Mike Godwin. Ela ficou mais conhecida apenas com o nome do autor: Lei de Godwin. Não se trata de uma lei que de fato rege a conversa política na internet: foi apenas uma forma esperta que Godwin encontrou para criticar a um vício recorrente do debate público. Com essa fórmula satírica, ele esperava coibir a disseminação de comparações hiperbólicas com o nazismo, que tendem a trivializar o horror do Holocausto. Em um artigo publicado em 1994 na revista Wired, ele celebrou o efeito da brincadeira nos meios de comunicação eletrônicos: “Com o tempo, as discussões em grupos de notícias e de debate mostraram uma incidência menor de comparações com o nazismo”.Leia mais
Brasil faz ouvidos de mercador para lições recentes dadas em Venezuela, Argentina e ChileNos anos 70, as relações entre os militares que mandavam no Brasil em seu penúltimo governo, de Ernesto Geisel, e os Estados Unidos, que patrocinaram o golpe instalado nestes tristes trópicos, em 1964, estremeceram-se por conta do acordo nuclear que firmamos com a Alemanha. Até então reinava o princípio da submissão da frase do chanceler Juracy Magalhães: “O que é bom para os EUA é bom para o Brasil”.Leia mais
Para Le Corbusier, o caminho das mulas moldou todas as cidades da Europa. E também as brasileiras.Le Corbusier no livro Urbanismo, publicado em 1925, trata do que ele chama de caminho dos homens e caminho das mulas. O caminho dos homens é o resultado de um esforço racional que molda a natureza e o espaço com um gesto firme. O caminho das mulas vai se moldando ao território pelo percurso dos animais que transportam homens e mercadorias.Leia mais
Os obstáculos ao Mercosul estão principalmente na resistência dos lobbies nacionais a uma verdadeira abertura econômica e à liberalização comercialDesde os tempos coloniais, o vice-reinado do Rio da Prata, parte do qual viria a se tornar a Argentina atual, ocupa um lugar especial nas relações exteriores do Brasil. Os patacões espanhóis, moedas de prata de 600 réis, eram uma espécie de “moeda comum”, alimentando o contrabando entre os impérios português e espanhol. No século XIX, a influência britânica levaria à adoção da libra, que no século seguinte seria substituída pelo dólar americano.Leia mais
A culpa é claríssima: tem um pessoal aí que, ao longo das últimas décadas, surrupiou tanta balinha e tanto bombom Ouro Branco das Americanas que os caras finalmente foram lá checar e PÁ, descobriram R$ 20 bilhões de rombo. Aliás, rombo não, desculpem: “inconsistências contábeis”, expressão que usarei a partir de agora com todos os meus credores (“olha, houve uma inconsistência contábil aqui, que é ganhar muito menos do que eu mereço, e infelizmente não vou poder pagar o aluguel nos próximos meses”). Agora, parafraseando aquelas antigas vinhetas da Globo, é recuperação judicial e o melhor do Carnaval.Leia mais
Como o fanatismo político interrompeu vidas, cassou liberdades e devastou famíliasDia 6 de janeiro, sexta-feira, o caminhoneiro Nilton da Silva, de 43 anos, chegou à casa de sua mãe em Apucarana, município localizado no centro-norte do estado do Paraná, e encontrou as três sobrinhas. Ao perguntar por que as filhas das irmãs estavam com a avó, recebeu como resposta que…Leia mais
Entenda quais são as chances de o ex-presidente ser detido quando voltar ao Brasil e quais são os argumentos que poderão ser usados contra eleO ex-presidente Jair Bolsonaro foi oficialmente incluído no inquérito que trata dos Atos de 8 de janeiro após o Supremo Tribunal Federal, STF, aceitar um pedido feito pela Procuradoria-Geral da República, PGR. A investigação é comandada pelo ministro Alexandre de Moraes, que nos últimos…Leia mais
Mítica do trio formado por Lemann, Sicupira e Telles acabou. Trabalhadores, credores e investidores serão penalizados pela “imperícia” contábil O rei Midas é um personagem conhecido da mitologia grega agraciado (ou amaldiçoado) pelo deus Dionísio com a capacidade de transformar em ouro tudo o que tocava. Não por acaso, os três fundadores da 3G Capital — Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Herrmann Telles — foram…Leia mais
Privatização da estatal paulista de saneamento básico tem prazos curtos, um mercado aquecido e um governador que quer vender caroDepois de três dias andando pelos salões do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, o governador de São Paulo Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) disse ter “detectado interesse” de banqueiros e empresários do mundo todo nos ativos a serem privatizados pelo recém-empossado…Leia mais
A série Revelações Pré-históricas conta a saga de uma civilização perdida que teria sobrevivido a um apocalipse na Era do Gelo. Seria impressionante, se não fosse uma grande mentiraÉ exigida muita imaginação e criatividade do público para acompanhar as ideias mirabolantes do escritor e jornalista inglês Graham Hancock (foto), o nome por trás da minissérie Revelações Pré-históricas. Sucesso comercial da Netflix, a coletânea de oito episódios esteve entre as dez…Leia mais
O senador Marcos do Val diz que o presidente e o ministro da Justiça foram omissos para usar politicamente as invasões aos Três PoderesCriador de uma técnica para algemar pessoas e instrutor de unidades especiais de várias polícias americanas, conhecidas como Swat, o capixaba Marcos do Val decidiu, em 2018, trilhar uma carreira na política com foco na segurança pública. Em 2018, ele foi eleito senador pelo Podemos pelo seu…Leia mais
Desta vez, o irreality show da Globo tem concorrência: em Brasília 1.200 vândalos estão confinados. É o BBB: Bando de Bolsonaristas BandalheirosO Brasil estava um tédio, já fazia mais de uma semana que não tinha uma ameaça de golpe, uma invasão de palácio, nenhuma destruição de patrimônio público por hordas de bolsonazistas sem noção. Uma pasmaceira, desse jeito o país ia acabar virando uma Suécia com todo mundo se suicidando…Leia mais
O livro do príncipe Harry tem mais sentimentos que O Meu Pé de Laranja Lima, e não num bom sentido. Me peguei desejando que o príncipe William tivesse batido mais vezes no irmão menorResolvi ler o livro de memórias do Príncipe Harry, Spare (em português, O que Sobra), pra ver se continuava monarquista depois disso. É, sou monarquista. Não um monarquista filosófico, reflexivo, sensato, com quem até dê gosto conversar. Mais uma espécie de monarquista por instinto….Leia mais
Quando a poeira baixar, teremos de nos haver com um governo e um Judiciário armados de poder até os dentesApós uma das eleições mais polarizadas de nossa história, os Atos de 8 trouxeram o discurso belicoso novamente à boca das pessoas: “essa gente baderneira”, “esse povo”, como se estivéssemos diante de quadrúpedes ignorantes vindos de outra galáxia. Não seremos, na verdade, nós,…Leia mais
Na data de 8 de março de 2021, em julgamento paradigmático, o Supremo Tribunal Federal, pela relatoria do eminente ministro Edson Fachin, ao apreciar os embargos de declaração no habeas corpus nº 193.726, concedeu a ordem impetrada em favor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (que na…Leia mais
É de certa maneira irônico que o trio mais bem-sucedido do capitalismo brasileiro se veja agora em meio a uma “pedalada fiscal”O colapso da Americanas gerou espanto no mercado financeiro, mas outras contabilidades duvidosas também deveriam importar, em especial, pois mexem no seu bolso. Foi em 4 de abril de 1999 que os quatro ex-sócios do banco Garantia se juntaram a outro banqueiro, Paulo Guedes, para comprar o…Leia mais
Prevista pela famosa Lei de Godwin, as analogias com Hitler grassam à direita e à esquerda do debate político brasileiro Quanto mais se prolongar uma discussão on-line, maior será a probabilidade de que alguém faça uma analogia com Hitler ou o nazismo. Assim reza a Lei de Analogias com o Nazismo, postulada no início dos anos 1990 pelo advogado americano Mike Godwin. Ela ficou mais conhecida apenas com o nome do…Leia mais
Brasil faz ouvidos de mercador para lições recentes dadas em Venezuela, Argentina e ChileNos anos 70, as relações entre os militares que mandavam no Brasil em seu penúltimo governo, de Ernesto Geisel, e os Estados Unidos, que patrocinaram o golpe instalado nestes tristes trópicos, em 1964, estremeceram-se por conta do acordo nuclear que firmamos com a Alemanha. Até então reinava…Leia mais
Para Le Corbusier, o caminho das mulas moldou todas as cidades da Europa. E também as brasileiras.Le Corbusier no livro Urbanismo, publicado em 1925, trata do que ele chama de caminho dos homens e caminho das mulas. O caminho dos homens é o resultado de um esforço racional que molda a natureza e o espaço com um gesto firme. O caminho das mulas vai se moldando ao território pelo percurso dos…Leia mais
Os obstáculos ao Mercosul estão principalmente na resistência dos lobbies nacionais a uma verdadeira abertura econômica e à liberalização comercialDesde os tempos coloniais, o vice-reinado do Rio da Prata, parte do qual viria a se tornar a Argentina atual, ocupa um lugar especial nas relações exteriores do Brasil. Os patacões espanhóis, moedas de prata de 600 réis, eram uma espécie de “moeda comum”, alimentando o contrabando entre…Leia mais
A culpa é claríssima: tem um pessoal aí que, ao longo das últimas décadas, surrupiou tanta balinha e tanto bombom Ouro Branco das Americanas que os caras finalmente foram lá checar e PÁ, descobriram R$ 20 bilhões de rombo. Aliás, rombo não, desculpem: “inconsistências contábeis”,…Leia mais
Usamos cookies para melhorar a sua experiência em nossos serviços. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com tais condições. Para mais informações, visite nossa Política de Cookies.

source

Leave a reply