STF fecha cerco a pessoas de MS envolvidas em atos extremistas – Correio do Estado

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Acessiblidade
Política
Contra a democracia
A Polícia Federal prendeu nessa sexta-feira a intérprete de libras Soraia de Mendonça Bacciotti, em Campo Grande, e o empresário José Carlos Rozin, em Dourados, ambos ligados a atos de vandalismo
21/01/2023 08h00
Daniel Pedra
Empresário José Carlos Rozin é suspeito de organizar bloqueio da BR-163 em Dourados em atos contra o resultado das eleições – Redes Sociais
Determinadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contra os prováveis financiadores dos atos de vandalismos ocorridos em Brasília (DF), no dia 8 de janeiro deste ano, e do bloqueio do Trevo da Bandeira, em Dourados (MS), no dia 18 de novembro do ano passado, foram deflagradas, na sexta-feira, duas operações pela Polícia Federal em Mato Grosso do Sul, denominadas Lesa Pátria e Unlock II, respectivamente.
Na primeira, a intérprete de libras Soraia de Mendonça Bacciotti, de 48 anos, foi presa em Campo Grande (MS) acusada de ser uma das financiadoras dos atos antidemocráticos ocorridos na capital Federal, que resultaram na depredação do prédio do STF, do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto, enquanto na segunda foi preso, em Dourados, o empresário José Carlos Rozin sob a suspeita de organizar e financiar o bloqueio do Trevo da Bandeira contra a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e para pedir golpe militar no Brasil.
Formada em Pedagogia e com cursos de Turismo e Gastronomia, Soraia Bacciotti apareceu em postagens nas redes sociais como apoiadora do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ficou famosa como a intérprete de libras durante a campanha eleitoral para governador do deputado estadual Capitão Contar (PRTB).
Ela também frequentava o acampamento em frente ao Comando Militar do Oeste (CMO), o QG de Capitão
Contar e nas passeatas e motociatas em favor de intervenção militar no Brasil.
Em 7 de novembro de 2022, a intérprete aparece em um vídeo, divulgado nas redes sociais, hostilizando jornalistas que faziam cobertura do acampamento em frente ao CMO.
Outros sete mandados de prisão e 15 de busca e apreensão foram cumpridos pela PF no Distrito Federal e nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Goiás, prendendo Ramiro Alves da Rocha Cruz Júnior, o Ramiro dos Caminhoneiros, Randolfo Antônio Dias e Renan Silva Sena.
Sócio de uma empresa de terraplanagem e outra de engenharia em Dourados, o empresário José Carlos Rozin foi o único preso na segunda fase da Operação Unlock sob a acusação de organizar e financiar o bloqueio do Trevo da Bandeira.
A investigação da PF mostrou que ele financiou o protesto daquele dia, quando pneus foram levados por homens encapuzados em uma carreta até o Trevo da Bandeira (BR-163 com BR-463), colocados em forma de barricada na pista e incendiados.
Um Fiat Uno que passava pelo trevo ficou totalmente carbonizado após o condutor cruzar o bloqueio em chamas, ele não ficou ferido. Duas horas antes do bloqueio, José Carlos Rozin fez postagem em grupo de WhatsApp informando que já estava no Trevo da Bandeira e que naquele momento era o único manifestante no local.
Denominado Dourados MS-BR-163, o grupo reúne apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro descontentes com o resultado da eleição. O grupo, que estava acampado em frente ao quartel do Exército, localizado na Avenida Guaicurus, planejava bloquear o trevo, mas o incidente causado pelos pneus em chamas esvaziou o movimento.
No dia 20 de novembro, quando foi desencadeada a primeira fase da operação, o empresário foi alvo de buscas feitas pela PF por ordem da Justiça Federal.
Naquele dia, agentes da PF e policiais rodoviários federais também cumpriram mandados de busca na casa do caminhoneiro André França da Silva, 39 anos, no Jardim Márcia. Proprietário da carreta bitrem usada para levar os pneus ao bloqueio, ele foi preso no distrito de Itahum.
Em maio de 2022, José Carlos Rozin foi um dos condenados no processo que apurou desvio de R$ 34,7 milhões (valores atualizados) no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), de 2002 a 2006. Ele pegou pena de seis anos, quatro meses e 24 dias, mas permanece em liberdade.
O principal réu no caso, o ex-supervisor do Dnit em Dourados, Carlos Roberto Milhorim, foi condenado a 36 anos, dois meses e 20 dias de prisão.
Fábio Fischer, juiz da 2ª Vara Federal em Dourados, condenou Milhorim por corrupção passiva e peculato. Também determinou a perda de um apartamento no edifício Ilhas Gregas, no centro de Dourados.
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TROCA-TROCA
Presidente desconfia que houve direcionamento nesses cargos de confiança para nomes ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro e sua família
22/01/2023 12h32
outras mudanças devem ser feitas depois de o ex-presidente ter promovido um esvaziamento no Fisco Reprodução/ Ricardo Stuckert
Atual presidente presidente, Luiz Inácio Lula da Silva pretende substituir superintendentes da Receita Federal.
A avaliação é de que, assim como ocorreu na Polícia Federal e na Polícia Rodoviária Federal (PRF), houve um direcionamento nesses cargos de confiança para nomes ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro e sua família.

Além disso, outras mudanças devem ser feitas depois de o ex-presidente ter promovido um esvaziamento no Fisco, especialmente na área de fiscalização.

Segundo o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) apurou, o secretário da Receita Federal, Robinson Barrerinhas, procura novos nomes para as administrações regionais do Fisco e pretende aumentar o número de mulheres e negros ocupando esses cargos – diretriz de Lula para toda a administração.
Ao todo, a Receita tem dez superintendentes. Desde a saída de Bolsonaro, apenas o da 6.ª Região Fiscal, que corresponde ao Estado de Minas Gerais, foi substituído porque o então ocupante do cargo, Mário Dehon, foi promovido a subsecretário de Arrecadação e Cadastros.

Dehon era superintendente do órgão no Rio de Janeiro no início do governo Bolsonaro, e acabou sendo transferido para Minas após uma série de supostas interferências do ex-presidente na Receita Federal no Estado de origem de sua família.

Em um dos episódios, em 2019, o então presidente chegou a dizer que o Fisco do Rio estaria fazendo uma “devassa” na vida financeira de seus familiares e teria pedido a substituição de Dehon e de delegados da Receita ao então ministro da Economia, Paulo Guedes.
 
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Política
22/01/2023 12h01
Duas primeiras linhas de investigação miram Anderson Torres e o ex-presidente Reprodução
Ao todo, a Polícia Federal atua em quatro linhas de investigação para apurar todos os fatos e pessoas relacionados aos atos golpistas de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 8 de janeiro.
Estão na mira o ex-presidente, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e autoridades que atuaram ou se omitiram durante a investida golpista.
As investigações pretendem detalhar como se deram os preparativos e as invasões ao Palácio do Planalto, Congresso e STF (Supremo Tribunal Federal) e miram os golpistas atuantes diretamente na quebradeira, os financiadores e os agentes públicos envolvidos.
A primeira linha de apuração foca os possíveis autores intelectuais dos ataques, e é essa frente que pode chegar a eventual responsabilidade do ex-presidente no fomento das ações radicais.
Bolsonaro já era um dos alvos do inquérito das milícias digitais por causa de sua live de 29 de julho de 2021 –quando levantou sem provas suspeita de fraude nas eleições por meio de falhas nas urnas eletrônicas– e pelo vazamento de inquérito sigiloso sobre um ataque hacker ao Tribunal Superior Eleitoral.
No caso das milícias digitais, cada um dos eventos com participação de Bolsonaro e de seus apoiadores, como a live e os atos antidemocráticos de 2020, são vistos como sendo praticados por organização criminosa que atua para atacar instituições, autoridades e disseminar desinformação.
Agora, com a nova apuração, a PF pretende avançar sobre como as investidas golpistas insuflaram seus apoiadores contra o Estado democrático de Direito e desaguaram nos ataques aos três Poderes.
A segunda linha de apuração vai investir no detalhamento das supostas omissões de agentes públicos durante a movimentação de pessoas para o acampamento no quartel-general do Exército e depois à praça dos Três Poderes.
O ex-ministro Anderson Torres, o governador afastado Ibaneis Rocha (MDB-DF) e integrantes das forças de segurança do Distrito Federal são alvos nessa frente.
Torres está preso desde o dia 14 por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF. Durante busca e apreensão em sua casa, a PF encontrou uma minuta (proposta) de decreto para o então presidente Bolsonaro instaurar estado de defesa na sede do TSE.
O decreto golpista previa a criação de uma comissão controlada pelo governo Bolsonaro para fazer uma “apuração da conformidade e legalidade do processo eleitoral” vencido por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e estabelecia as quebras dos “sigilos de correspondência e de comunicação telemática e telefônica” dos membros do TSE.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, o ex-número 2 da Segurança Pública do DF Fernando de Sousa Oliveira afirmou à PF que Torres deixara o país às vésperas do 8 de janeiro sem repassar “diretriz” nem apresentá-lo aos comandantes das forças policiais e a Ibaneis.
Oliveira disse que não tomou conhecimento, por exemplo, do plano operacional da Polícia Militar para as manifestações que ocorreriam nos dias 6, 7 e 8 deste mês.
O governador afastado do DF e Oliveira foram alvos de busca e apreensão na sexta-feira (20) a pedido da Procuradoria-Geral da República.
Vista como mais demorada, a terceira frente tem como objetivo mapear os financiadores dos atos golpistas e os responsáveis pela logística do acampamento e transporte de bolsonaristas para Brasília.
Na última semana, a PF atuou contra possíveis financiadores de golpistas na região norte do Rio de Janeiro. A ação foi batizada de Ulysses e prendeu três suspeitos de organizar e financiar a viagem de bolsonaristas para Brasília.
O objetivo da PF agora é mapear outros financiadores dos atos e do acampamento em frente ao QG do Exército para saber se os atos e ações dos bolsonaristas tiveram alguma estrutura de financiamento e de organização.
Os investigadores estão identificando todos que contrataram e organizaram viagens de ônibus para Brasília, aqueles envolvidos na manutenção dos acampamentos nos QGs do Exército e os que de alguma forma viabilizaram os atos.
A AGU (Advocacia-Geral da União) já pediu o bloqueio de R$ 18,5 milhões em bens de pessoas físicas e empresas suspeitas de envolvimento nos ataques golpistas. A quantia seria uma estimativa de reparação pelos danos causados pelos atos de vandalismo às sedes dos Poderes.
O quarto foco da investigação PF são os vândalos. Os investigadores querem identificar e individualizar a conduta de cada um dos envolvidos na depredação dos prédios históricos.
Nesse caso, a perícia da PF tem atuado com a ajuda de softwares de inteligência artificial para comparar as imagens dos prédios invadidos com a dos presos e também com outros bancos de dados para identificar envolvidos. Foram presos em flagrante 1.459 suspeitos pelos ataques.
Para subsidiar as quatro linhas de apuração, todas as informações que estão sendo coletadas, pelos canais disponibilizados pelo Ministério da Justiça e PF ou em diligências feitas por ordem de Moraes, são analisadas e encaminhadas para os inquéritos abertos.
Segundo a Folha de S.Paulo apurou, o trabalho de triagem tem sido feito pela DIP (Diretoria de Inteligência Policial) e os inquéritos em si conduzidos por delegados de setores da Dicor (Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado).
 
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