Stycer: Imprensa exige mais da futura gestão Lula do que do governo atual – UOL Confere
Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Colaboração para o UOL, em Salvador
22/11/2022 21h09Atualizada em 22/11/2022 21h09
A edição do programa Análise da Notícia de hoje debateu com os colunistas do UOL José Roberto de Toledo, Alberto Bombig e Maurício Stycer a exigência da imprensa com o futuro governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na avaliação do jornalista Stycer, problemas que a atual transição enfrenta justificam uma cobrança maior do que houve com a mudança para o governo do atual presidente Jair Bolsonaro (PL), em 2018.
“Na comparação, eu tenho a sensação que essa cobertura atual ela tem sido mais exigente com o futuro governo do que foi com o futuro governo Bolsonaro, mas há motivos para isso. Quando houve a eleição do Bolsonaro, ele representava, ainda que um deputado de 28 anos e sete mandatos, uma novidade. A vitória dele foi muito grande. Acho que houve ali um deslumbramento com isso. Havia muitas coisas a serem descobertas pela imprensa sobre aquele futuro governo. Tinha uma empolgação ali sobre os ministros. Lembro a festa que foi quando Bolsonaro anunciou que Moro ia ser ministro. Não me lembro tanto de ter acontecido a cobrança que está sendo feita agora”, opinou o colunista.
Durante o programa, Stycer destacou, ainda, que Lula chega para o novo governo com um grande problema a ser resolvido: o orçamento. Conforme o colunista, questões a serem resolvidas, como a PEC da Transição, que permite o furo do teto de gastos para o pagamento de promessas de campanha como o Auxílio Brasil (Bolsa Família) no valor de R$ 600 e o aumento do salário mínimo, justificam a cobrança sobre a transição atual.
“Esse futuro novo governo chegou já com esse problemão, que é do orçamento. Vai precisar da PEC para sustentar uma promessa de campanha, que não foi só do Lula, foi do Bolsonaro também. Possivelmente, essa transição do Bolsonaro (caso ele tivesse vencido) estaria envolvendo uma discussão parecida. (O problema do orçamento) acabou expondo demais o presidente eleito e esse universo dele. Está dando margem para muita paulada. Tem uma cobrança de economistas em relação a essa questão, que acho muito forte e talvez mais exagerada do que foi durante a fase de transição para o governo Bolsonaro, e isso se expressa de algumas formas, como no noticiário do dia a dia, no posicionamento de algumas empresas jornalísticas em relação a isso”, acrescentou Stycer.
Durante sua participação no Análise da Notícia de hoje, o colunista do UOL Alberto Bombig analisou a ação que o PL enviou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pedindo a anulação dos votos proferidos em 279 mil urnas eletrônicas, cerca de 59% do total usado no segundo turno das eleições presidenciais. Questionado no programa sobre quando as tentativas de golpe irão se encerrar, Bombig afirmou que não acredita em uma pacificação dos ânimos mesmo após a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Eu acho que (as manifestações golpistas) vão se estender por muito tempo. Não sou dos mais otimistas. Tem gente dizendo que quando Lula tomar posse isso acaba, eu acho que não.[…] Lula tem que ter muito cuidado para não alimentar essas teorias de alguma maneira”, afirmou o colunista.
Bombig avaliou de forma positiva a resposta do ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, à ação do PL. Mais cedo, o magistrado do STF (Supremo Tribunal Federal) cobrou que o partido do presidente Jair Bolsonaro apresente dados que englobem o resultado também do primeiro turno em até 24 horas, soba pena da ação ser indeferida no tribunal. Segundo Moraes, os mesmos equipamentos questionados pelo PL foram nos dois turnos da eleição e, por isso, o questionamento ao funcionamento das urnas também deve incluir o primeiro turno.
“Eles (PL) vão passar um vexame de ter que refazer a petição ou eles vão dar isso por encerrado. Talvez pode ser até uma estratégia do Valdemar (Costa Neto), mas respondendo objetivamente à pergunta, isso não acaba enquanto a economia não voltar a andar e o país não voltar a recuperar o emprego”, acrescentou o jornalista no comentário.
Ainda durante o programa, o colunista confessou que não acredita no fim dos protestos organizados por manifestantes bolsonaristas ao redor do país. “Acho que isso vai se reduzir a grupos mais radicais, não que esses não sejam, mas de alguma maneira está um pouco inflamada a situação. Acho que, se o Brasil retomar um caminho de crescimento, se o Lula conseguir montar uma base de apoio que dê menos turbulência e se ele conseguir pacificar a relação com o STF, a tendência é que isso diminua, mas não tenho esperança que seja no dia primeiro não, que ele toma posse, o Bolsonaro vai embora e isso se resolve”, concluiu.
O Análise da Notícia vai ao ar às terças, quartas e quintas, às 19h.
Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.
Veja a íntegra do programa:
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
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