Thaís Oyama – "Sem anistia!" – o coro jacobino e as chances de … – UOL Confere
Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Thaís Oyama é comentarista política. Foi repórter, editora e redatora-chefe da revista VEJA, com passagens pela sucursal de Brasília da TV Globo, pelos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S Paulo, entre outros veículos. É autora de “Tormenta – O governo Bolsonaro: crises, intrigas e segredos” (Companhia das Letras, 2020) e de “A arte de entrevistar bem” (Contexto, 2008).
Colunista do UOL
03/01/2023 11h57
“Sem anistia! Sem anistia!”
O coro foi entoado pela primeira vez no dia da posse de Lula pela multidão reunida na praça dos Três Poderes quando o presidente discursava sobre o estado de penúria em que encontrou os cofres do governo esvaziados por Jair Bolsonaro — o responsável oculto pelo que Lula chamou de “progressiva construção de um genocídio” contra o povo brasileiro.
Desde então, o coro tem ecoado em diversas cerimônias oficiais em Brasília. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, demonstrou aprová-lo. “É natural. Eu tenho simpatia”, afirmou à Folha.
Gleisi não é a única. Muita gente não vê a hora de ver Bolsonaro atrás das grades — sem anistia.
É preciso lembrar, no entanto, que para haver anistiados ou aprisionados é preciso antes haver condenados.
Não é ainda o caso do ex-presidente Jair Bolsonaro, ao menos do ponto de vista legal.
Bolsonaro hoje responde a quatro inquéritos no STF pelas seguintes acusações: 1) ter interferido na Polícia Federal; 2) ter vazado uma investigação sigilosa da PF; 3) ter dado declarações sobre a pandemia que colocaram em risco a saúde da população; 4) ter difundido notícias falsas sobre as urnas eletrônicas.
Para o jurista Pedro Serrano, a maior parte dessas acusações tende a resultar em penas brandas ou em inelegibilidade, caso uma condenação se dê por improbidade administrativa, crime contra o patrimônio público ou abuso de autoridade, alguns dos artigos inscritos no rol da Lei da Ficha Limpa.
Há no entanto, três núcleos de conduta que, resultando em condenação, potencializam a possibilidade de prisão de Bolsonaro.
São eles, segundo Serrano: o das ações do ex-capitão na pandemia; o de seus supostos atentados contra a democracia; e o que envolve a sua participação na compra de 51 imóveis com dinheiro vivo pela família Bolsonaro.
Sobre esse último episódio, revelado pela repórter Juliana Dal Piva, do UOL, a investigação do ex-presidente no STF, pedida pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede), foi negada em setembro pelo ministro André Mendonça. O senador aguarda resposta ao seu pedido de reconsideração da decisão.
Desde o dia 1º, no entanto, Bolsonaro perdeu o foro privilegiado a que tinha direito no STF como presidente da República. Isso significa que, a partir de agora, o ex-capitão corre o risco de enfrentar uma chuva de processos e investigações criminais na primeira instância da Justiça — que, entre outras diferenças, costuma ser mais ágil do que o STF.
Mesmo assim, há quem não esteja com paciência para esperar.
Parlamentares do PSOL querem a imediata prisão de Bolsonaro. Como anunciou ontem em sua conta no Twitter o deputado Guilherme Boulos: “Entramos hoje no STF com o pedido de prisão de Bolsonaro. Sem anistia!”.
Calma, Boulos.
Bolsonaro será investigado. Investigado, pode virar réu. Tornado réu, e observados os procedimentos legais, poderá vir a ser condenado. Aí, sim, o coro dos “sem anistia” passará a fazer sentido. Antes disso, é colocar a guilhotina na frente dos bois.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Por favor, tente novamente mais tarde.
Não é possivel enviar novos comentários.
Apenas assinantes podem ler e comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia os termos de uso
Thaís Oyama
Thaís Oyama
Thaís Oyama
Thaís Oyama
Thaís Oyama
Thaís Oyama
Thaís Oyama
Thaís Oyama
Thaís Oyama
Thaís Oyama
Thaís Oyama
Thaís Oyama
Thaís Oyama
Thaís Oyama
Thaís Oyama