DAZN supera tombo da pandemia e intensifica investimentos no mercado brasileiro – Máquina do Esporte

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Considerado um dos maiores serviços de streaming de esportes ao vivo e sob demanda do mundo, o DAZN chegou com tudo ao Brasil, em 2019, apostando na cobertura da Copa Sul-Americana e trazendo em seu cardápio competições badaladas como o Campeonato Francês, que já contava com a presença do craque Neymar no PSG.
Veio então a pandemia da Covid-19, que paralisou as competições esportivas e comprometeu a renda dos consumidores em todo o mundo. Os últimos anos foram de seca para a plataforma, que cuja controladora é sediada no Reino Unido. No Brasil, particularmente, sua derrocada parecia ter se tornado irreversível.
Mas 2022 começa com o DAZN demonstrando um comportamento para lá de voraz em relação ao mercado brasileiro. O serviço está disposto a ampliar a oferta de futebol nacional em seu cardápio. Nas primeiras semanas deste ano, foram anunciadas as aquisições dos direitos dos estaduais de Pernambuco, Goiás e Alagoas.
O Campeonato Potiguar chegou também a ser noticiado pela empresa em sua conta do Instagram para o Brasil, mas depois a postagem foi apagada. Por enquanto, os direitos de transmissão da competição do Rio Grande do Norte continuam em negociação.
Seria injusto afirmar que os últimos anos foram ruins apenas para o DAZN. A pandemia, em geral, impactou severamente as finanças de inúmeras empresas e instituições. Mesmo grandes clubes como Real Madrid, Internazionale, Juventus e Manchester United registraram prejuízos consideráveis durante esse período e ainda lutam para se recompor dos estragos econômicos da Covid-19.
No caso do DAZN, alguns agravantes contribuíram para tornar mais penosos os últimos anos. A paralisação dos eventos ao vivo representou o maior baque para empresa. A razão é óbvia, já que a natureza de seu negócio é justamente exibir esse tipo de programa.
Por mais que ela tenha procurado oferecer aos consumidores outros conteúdos originais relacionados a esportes, como documentários, essa alternativa não foi capaz de suprir para os assinantes a ausência de campeonatos e torneios ao vivo.
Outro fator a ser considerado é que, na medida em que milhões de pessoas em todo o mundo ficaram sem renda ou com o orçamento mais apertado, os cortes nas despesas tornaram-se consequência quase que natural dessa situação. Ainda mais em um serviço que, tanto para ser contratado quanto para ser desligado, bastam alguns cliques em um site, como é o caso do streaming.
Quando o DAZN desembarcou no Brasil, procurou compreender a realidade local e logo percebeu que, para fidelizar uma base forte de consumidores, seria necessário investir no esporte mais querido do país, o futebol.
Em 2019, ano da chegada do serviço, a Copa Sul-Americana contava, entre seus participantes, com alguns gigantes brasileiros como Corinthians, Santos, Fluminense, Botafogo e Bahia, além da Chapecoense.
A presença desses clubes, especialmente o Corinthians, que tem a segunda maior torcida do Brasil, foi vista como estratégica pela empresa, a fim de atrair assinantes. Naquela época, o cardápio ainda incluía Premier League, campeonatos Italiano e Francês, além do Paulista sub-20, Novo Basquete Brasil (NBB) e Euroliga.
Inicialmente, os conteúdos exclusivos foram disponibilizados gratuitamente no YouTube e nas redes sociais da empresa. Não demorou muito, e o DAZN fechou com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e passou a exibir também a Série C do Brasileirão. A partir de maio de 2019, quando sua plataforma foi oficialmente lançada, o grosso dessas competições migrou para lá, estando disponível apenas para assinantes.
A empresa montou um escritório para cuidar de seus negócios no Brasil, localizado em São Paulo. Ali, chegaram a trabalhar 60 profissionais em diferentes áreas. Veio então a pandemia, seguida das medidas de restrição sanitária e isolamento social, que resultaram na paralisação dos campeonatos.
Mesmo não podendo exibir as competições, os direitos de transmissão continuavam em vigor. E, diante de um cenário de incertezas e marcado pela perda de receitas, o DAZN optou por devolver competições da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol). Vários funcionários passaram a ser desligados, o escritório em São Paulo foi fechado e a empresa concentrou suas operações em Londres, no Reino Unido. A crise parecia ser um caminho sem volta para a antes promissora plataforma.
Em 2021, segundo levantamento feito pelo site SportBusiness, o DAZN registrou globalmente um prejuízo total de US$ 2,33 bilhões. As perdas totais nos últimos três anos, de acordo com o portal, chegariam a US$ 5 bilhões.
No mesmo texto, divulgado nesta semana, o SportsBusiness reconhece que os prejuízos operacionais do DAZN ficaram em US$ 1,36 bilhão, no ano retrasado, valor menor que as perdas totais no período, o que pode indicar um movimento de recuperação após o tombo ocasionado pela pandemia.
Essa percepção toma ares de verdade quando observamos os recentes investimentos feitos pelo DAZN, a partir do segundo semestre do ano passado. Em setembro, por exemplo, a empresa anunciou a aquisição da concorrente Eleven Sports, que, em 2020, adquiriu a plataforma brasileira MyCujoo.
O negócio serviu para acrescentar ao cardápio do DAZN nada menos que 40 mil jogos de futebol ao ano, incluindo de competições do Brasil. No ano passado, por exemplo, a Eleven Sports havia firmado acordo com a CBF para a transmissão de todas as divisões do Campeonato Brasileiro Feminino (Séries A1, A2 e A3) de forma gratuita na plataforma. Esse acordo, agora, ficará nas mãos da nova dona desse streaming.
A retomada do DAZN não se restringe aos movimentos globais. Presente em 200 países, a empresa costuma adequar suas ações à realidade de cada mercado. E o Brasil, com mais de 200 milhões de habitantes, é considerado estratégico para o sucesso desses planos.
Por enquanto, nesse movimento de retomada, o DAZN tem demonstrado grande voracidade em relação aos estaduais fora do Eixo Rio-SP e tem evitado avançar sobre campeonatos mais badalados como o Mineiro, o Gaúcho ou o Paranaense.
A opção, por enquanto, tem sido por competições que contam com clubes participantes da Série C, que vinha sendo um de seus principais produtos no Brasil. Além disso, com essa abordagem o DAZN evita bater de frente com as TVs abertas e outras empresas que já estão mais consolidadas no país.
Mesmo que esses campeonatos ocorram fora dos estados mais ricos do país, eles são vistos como estratégicos pela empresa, já que permitem a ela estar em contato permanente com clubes que contam com torcidas consideráveis (estamos falando de centenas de milhares e até milhões de pessoas, no caso dos pernambucanos).
Além disso, existe a percepção de que o futebol, mesmo se pensarmos em campeonatos fora do mainstream, sempre poderá atrair um público enorme no país que mais conquistou Copas do Mundo e que tem esse esporte como elemento estrutural de sua cultura.
O futebol no Brasil é essencial para as estratégias do DAZN, assim como o boxe e a luta-livre ocupam o eixo central de suas ações nos Estados Unidos, ou o beisebol no Japão, ou a motovelocidade na Espanha.
Para prosperar nesses mercados, é fundamental que o streaming ofereça opções nessas respectivas modalidades. O DAZN tem plena consciência dessa realidade. Por isso mesmo, o público brasileiro pode esperar novidades da plataforma em matéria de futebol, para os próximos meses.

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