Eleição do MP-RJ pode definir futuro das investigações da família Bolsonaro – UOL Confere

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Juliana Dal Piva é formada pela Universidade Federal de Santa Catarina e possui mestrado pelo Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) da Fundação Getulio Vargas. Trabalhou nos jornais O Dia, Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo e revista Época. Obteve oito premiações de jornalismo. Entre elas, o Prêmio Líbero Badaró de jornalismo impresso em 2014 e também foi menção honrosa do Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. Em 2019, recebeu ainda o Prêmio Relatoría para la Libertad de Expresión (RELE) da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, pelo trabalho “Em 28 anos, clã Bolsonaro nomeou 102 pessoas com laços familiares”.
Colunista do UOL
10/12/2022 04h00
Na próxima segunda-feira (12), os membros do MP-RJ (Ministério Público do Rio) vão votar para a escolha do próximo procurador-geral de Justiça fluminense e a partir disso se formará uma lista tríplice a ser encaminhada ao governador do Rio, Cláudio Castro. Essa escolha também pode definir o futuro de investigações que apuram casos de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa envolvendo integrantes da família Bolsonaro.
O caso do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que possui foro especial, é apurado pela equipe da Procuradoria-Geral de Justiça do Rio. Depois que o STJ (Superior Tribunal de Justiça) anulou diversas provas, principalmente o acesso a dados financeiros de Flávio, o MP-RJ está refazendo a investigação. Além de Flávio, o caso envolve o policial aposentado Fabrício Queiroz, e familiares de Ana Cristina Siqueira Valle, segunda mulher do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Licenciado desde outubro, Luciano Mattos tenta a reeleição. Ele venceu em 2020 e está no cargo desde janeiro de 2021. Na disputa atual, também são candidatas a procuradora de Justiça Leila Machado Costa e a promotora de Justiça Somaine Cerruti Lisboa. Apesar de a disputa deste ano ter duas candidatas, uma mulher nunca chefiou a instituição.
Pela constituição estadual, no Rio de Janeiro, o governador é obrigado a escolher um dos três nomes da lista. Castro, porém, não precisa escolher o mais votado. Pode nomear qualquer um dos três. Na eleição passada, Mattos teve 546 votos e Leila Costa ficou em segundo, com 501 votos.
Mattos disse à coluna que está confiante. “Estou fazendo reuniões de campanha e divulgando as nossas iniciativas, oportunidade em que esclareço as dificuldades enfrentadas e procuro rebater as críticas”, afirmou.
Leila, porém, não retornou aos contatos da coluna. Segundo integrantes do MP, Leila vem ganhando força na eleição. Em especial, por causa das críticas da gestão de Mattos.
Dois aspectos criticados são, inclusive, públicos. Desde que assumiu, Mattos acabou com o grupo especializado no combate à corrupção, o Gaecc, e as investigações que estavam em andamento na área, inclusive a do senador Flávio Bolsonaro, não tiveram maiores desdobramentos nos últimos dois anos. Diferentes testemunhas que confessaram à imprensa, inclusive à coluna, participação no esquema, sequer foram chamados para prestar depoimento.
Mattos diz que a investigação tramita em sigilo e, por isso, não é possível detalhar o caso. Há expectativa por um novo pedido de quebra de sigilo de Flávio e de Fabrício Queiroz para que seja possível, novamente, provar o caminho do dinheiro desviado dos assessores para o filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro.
Outro caso que deixou fissuras internas na gestão de Mattos no MP, foi a saída das promotoras Simone Sibilio e Letícia Emile da força-tarefa que apura o assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes. As duas saíram da força-tarefa em julho de 2021 após divergências com Mattos na condução da proposta de delação premiada de Julia Lotufo, viúva do miliciano Adriano Nóbrega, morto em fevereiro de 2020.
No entanto, até o momento, todos os procuradores que disputaram a reeleição venceram. A coluna apurou, porém, que também existe expectativa de que, mesmo se Mattos for o mais votado, o governador Cláudio Castro pode não nomear o primeiro da lista. Castro teria ficado irritado com o vazamento de um vídeo de um depoimento do colaborador Marcus Vinicius Azevedo, obtido pelo UOL, citando um suposto envolvimento de Castro num esquema de desvios de dinheiro público.
O governador também analisa o fato de que a procuradora Leila é evangélica, o que é importante para sua base eleitoral. Já a promotora Somaine possui apoio de parte da base bolsonarista dentro do MP, inclusive, do procurador Marcelo Rocha Monteiro, que disputou a eleição passada e é próximo de Flávio Bolsonaro. A expectativa, porém, é que ela tenha baixa votação.
“O momento requer uma mudança urgente na forma de condução da Instituição, apesar de haver uma tradição pela reeleição. Durante as conversas com os colegas, tenho percebido que minhas principais preocupações encontram forte ressonância entre meus pares”, escreveu Somaine, à coluna.
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Carla Araújo
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