Leonardo Sakamoto – Bolsonaro faz postagem golpista e joga gasolina na violência de seguidores – UOL Confere

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em países como Timor Leste e Angola e violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). Diretor da ONG Repórter Brasil, foi conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão (2014-2020) e comissário da Liechtenstein Initiative – Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos (2018-2019). É autor de “Pequenos Contos Para Começar o Dia” (2012), “O que Aprendi Sendo Xingado na Internet” (2016), ?Escravidão Contemporânea? (2020), entre outros livros.
Colunista do UOL
11/01/2023 07h39
Jair Bolsonaro postou em sua conta no Facebook um conteúdo que promove o golpismo e, horas depois, o apagou. Isso foi o bastante para estimular seus seguidores que depredaram o Congresso, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal e já se organizam nas redes sociais para outra onda violenta nesta quarta (11).
Nas últimas semanas, o ex-presidente vinha tomando cuidado para evitar publicar declarações que produzissem provas de que ele está incitando os protestos violentos contra a democracia. A postagem da noite desta terça, mesmo com a covardia de ter sido deletada, foi um recado explícito considerando o contexto em que estamos.

O vídeo mostra parte de uma entrevista do bolsonarista Felipe Gimenez, um dos procuradores do Mato Grosso do Sul, divulgando a manjada mentira de que a eleição foi fraudada e que o sistema eletrônico de votação não é confiável. Na postagem de Bolsonaro, destaca-se a legenda: “Lula não foi eleito pelo povo, ele foi escolhido e eleito pelo STF e TSE”.
Esse tipo de discurso é exatamente o que guiou milhares de bolsonaristas para invadir, vandalizar e roubar as sedes dos três poderes no último domingo (8).
Durante anos, Jair repetiu a ideia mentirosa de que o sistema eleitoral brasileiro estava sendo corrompido para dar a vitória a Lula como uma espécie de seguro para caso perdesse a eleição. Agora, renova essa crença a seus seguidores no momento em que eles preparam novos ataques.
Está em curso uma investigação para saber quem financiou, quem organizou e quem fomentou os atos golpistas deste domingo. Para além de empresários bolsonaristas e aliados políticos do ex-presidente, os caminhos vão apontando para Jair. E a publicação da noite desta terça só ajuda o trabalho dos investigadores.
Um de seus aliados mais próximos, o ex-ministro da Justiça e, agora, ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, teve sua prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes por omissão diante dos atos terroristas. Segundo informações de Tales Faria, do UOL, Torres e Bolsonaro teriam se encontrado nos Estados Unidos, um dia antes dos ataques em Brasília.
Em um momento em que o Brasil precisa de pacificação, a postagem de Bolsonaro joga mais gasolina sobre o fogo. Ao que tudo indica, ele quer produzir um mártir entre suas fileiras para ajuda-lo a permanecer fora da cadeia.
Jair anunciou que está voltando ao Brasil. Ele provavelmente avalia que atos violentos de seus seguidores aumentam o custo de sua prisão e a de seu filho, o vereador Carlos, responsável por sua comunicação digital. Bolsonaro estica a corda. Mas ele não é o único que sabe lidar com uma lógica não convencional. Do outro lado, está Alexandre de Moraes, que se tornou peça fundamental para a defesa da democracia.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
Leonardo Sakamoto
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