Os doze trabalhos de Lula após a vitória sobre Bolsonaro – VEJA

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Eleito no último domingo, 30 de outubro, para seu terceiro mandato como presidente da República, Lula lidará com um país dividido, com focos de conflagração, clima de hostilidade e uma extensa lista de problemas em áreas diversas. A seguir, seus principais desafios, alguns dos quais já começaram a ser enfrentados, mesmo antes da posse formal no cargo.
1) ORÇAMENTO SECRETO – Lula prometeu acabar com o mecanismo, chamado de grande esquema de corrupção em sua propaganda eleitoral. Ele nunca explicou como resolverá a questão, mas adiantou que tentará reduzir a quantidade de verbas orçamentárias reservadas para as emendas de relator, de cerca de 19 bilhões de reais em 2022, ou pelo menos obrigar que elas sejam destinadas a áreas prioritárias, como saúde e educação.
2) EQUILÍBRIO FISCAL – Lula terá de conciliar o compromisso de governar com zelo pelas contas públicas às promessas de manter o valor de 600 reais do Auxílio Brasil e de isentar do Imposto de Renda quem ganha até 5 000 reais por mês. Uma das ideias em estudo é aprovar uma regra que permita desrespeitar o teto de gastos no caso de algumas despesas específicas, como o próprio programa de transferência de renda.
3) REDUÇÃO DA POBREZA – Como em 2002, Lula considera prioridade combater a miséria e acabar com a fome, que atinge 33 milhões de brasileiros, segundo estimativa repetida por ele durante a campanha. Além da preservação do Auxílio Brasil nos moldes atuais, pretende-se estimular a geração de empregos, por meio da retomada de grandes obras de infraestrutura, e o empreendedorismo na base da pirâmide social, com a ajuda de bancos públicos.
4) IMAGEM INTERNACIONAL – Lula conta com o prestígio que amealhou em seu governo para devolver protagonismo no cenário externo para o Brasil, que se tornou um pária internacional na gestão de Jair Bolsonaro, conforme definição do ex-chanceler Ernesto Araújo. Presidentes de países da América e da Europa já felicitaram o presidente eleito, que tem como fragilidade nessa seara a postura — que vai da benevolência ao apoio explícito — a ditadores amigos.
5) GOVERNO PLURAL – Eleito por uma coligação formada por dez partidos, de esquerda e de centro, Lula disse durante a campanha que não fará um governo do PT, mas em linha com a frente democrática que representa. O histórico petista é um dos obstáculos para que esse modelo plural se torne realidade, já que em seus governos o partido sempre ocupou os principais cargos, relegando aos aliados postos de menor expressão.
6) CRESCIMENTO ECONÔMICO – Nos dois mandatos de Lula, o PIB cresceu pouco mais de 4% ao ano, a melhor média em décadas. Na ocasião, no entanto, o cenário externo era favorável, o que não ocorre agora. A grande dúvida, ainda não esclarecida, é qual será a política econômica e o receituário para estimular a atividade econômica. Poucas pistas foram dadas a respeito. Entre elas, a retomada de grandes obras, o estímulo às micro e pequenas empresas e a promessa de uma reforma tributária.
7) CORRUPÇÃO – Os governos do PT protagonizaram os dois maiores esquemas de corrupção da história do país, o mensalão e o petrolão. Apesar disso, Lula não apenas se recusou a fazer um mea-culpa sobre os dois escândalos como esgrimiu a tese de que ambos só foram descobertos porque as administrações petistas eram transparentes e não manietaram órgãos de investigação. Controversa, essa retórica ajuda a entender por que o presidente eleito tem tanta dificuldade para discorrer sobre o assunto.
8) PACIFICAÇÃO DO PAÍS – O Brasil está rachado, como ficou claro no resultado do segundo turno, decidido pela menor diferença de votos desde a redemocratização. Quando governou o país, Lula adotou a estratégia do “nós contra eles” e falou em exterminar o DEM. Alvo de retórica parecida, o petista estendeu a mão na campanha a antigos adversários, como Geraldo Alckmin e Simone Tebet, com os quais conta para estabelecer um diálogo entre o futuro governo e setores que rejeitam o PT. No discurso da vitória, ele disse que não existem “dois Brasis”.
9) SUPREMACIA PETISTA – O PT é criticado até por aliados históricos por ter postura hegemônica e dificuldade para compartilhar poder. A regra sempre foi o partido em primeiro lugar na hora da divisão dos ministérios mais importantes. Em 2023, se realmente for cumprir seus acordos políticos, Lula terá de subverter essa lógica, ampliando espaços para outras legendas. Nos bastidores, especula-se que isso ocorrerá, e que o presidente eleito pode tirar dos petistas a estratégica pasta da Educação.
10) DESCONFIANÇA DOS MERCADOS – Nas poucas vezes em que se manifestou sobre economia na campanha, Lula desagradou a investidores por defender a revogação do teto de gastos e a revisão da reforma trabalhista, sem detalhar o que pretende fazer, e rechaçar as privatizações. Numa tentativa de tranquilizar os mercados, ele garantiu que haverá responsabilidade fiscal, como em seu primeiro mandato. A resposta não é satisfatória, mas há boa vontade do outro lado do balcão. No dia seguinte à vitória do petista, o dólar caiu, e a Bolsa subiu.
11) GOVERNABILIDADE – Os partidos da coligação de Lula elegeram 122 deputados federais e também não fizeram maioria no Senado. Ele, portanto, terá de negociar no Congresso a fim de aprovar projetos. As conversas com partidos de centro, como o MDB e o PSD, já estão em andamento. O desafio será firmar uma parceria dispensando mecanismos de cooptação de apoio parlamentar, sejam eles pretéritos, como o mensalão, ou atuais, como o orçamento secreto. Não está claro se e como isso será feito.
12) HARMONIA ENTRE OS PODERES – Nos últimos quatro anos, o país experimentou um ambiente permanente de faroeste institucional. Lula promete baixar a temperatura, apostar no diálogo permanente e aprofundar laços com alguns representantes das cúpulas Legislativo e do Judiciário, aos quais credita a retomada de seus direitos políticos e boa parte da resistência à pregação autoritária de Jair Bolsonaro. A meta é consolidar pontes, inclusive com parlamentares e magistrados que lhe fizeram oposição no passado.
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